quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Flagrante

A pureza do amor de Pedro e Amparo

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Com a palavra... o público!

Eu vou publicar um texto que não fui eu que escrevi (e sem pedir autorização... mas com os devidos créditos!)
http://www.fotolog.com/victortito/15747837

Vamos comer Almodóvar!

Terça-feira assistí "Como Almodovar", excelente pedida para soteropolitanos que curtem teatro ou Almodóvar!
Prestigiem, vale muito a pena! Troquem a novela das oito por um espetáculo
P.S: A arte do cartaz não ficou linda?


Vamos comer Almodóvar
[Victor Villarpando]
Ficamos mais autênticos quanto mais nos parecemos com o que sonhamos que somos” - Tudo sobre minha mãe.
Os atores e idealizadores de “Como Almodóvar” fizeram jus à frase do cineasta e foram autênticos. E certamente sonharam muito alto. A peça de conclusão de curso da turma 2007.1 de artes cênicas da UFBA surpreende com um enredo bem elaborado e ágil, personagens bem interpretadas e com uma carga dramática e cômica 100% almodovariana.
O cenário kitsch - um apartamento com cara de conjunto habitacional em país de terceiro mundo - não nega o fascínio pelas “cores de Almodóvar”. Muitos tons fortes, principalmente vermelho-sangue. Na decoração não passam despercebidos: uma escrivaninha de azulejos coloridos, plantas na sala, fotos de Jesus e Maria na parede, um pufe em forma de coração escarlate e um abajour com pernas de dançarina de can can (com vestido carmim, obviamente).
No figurino, também se destacam as cores berrantes, juntamente com as peças espalhafatosas e as combinações improváveis.
O amor, assim como nos filmes do cineasta, que já cantou travestido numa banda de rock, foge ao padrão da sociedade.
Neles, o “amar” tem diversas facetas e não se enquadra no modelo romanticamente idealizado.
Esse sentimento traz problemas, satiriza, dói e alegra. O amor é visto de uma forma marginal. É denso, tenso e principalmente real. É palpável.
O romance de Dolores (Simone Brault) e Pedro (Afrânio Soledade) na peça ilustra bem essa faceta do sentimento. Ele, ex-interno de um manicômio, gordo e feio. Ela, um travesti sem sucesso em suas apresentações, que trabalha como babá de uma amiga paraplégica. Eles experimentam uma paixão ao mesmo tempo que terna, subversiva logo na própria concepção. Eles vão do sexo oral na sala ao “e viveram felizes para sempre”, passando por dificuldades de auto-aceitação e fetiche com fio telefônico.
Assim como na filmografia de Almodóvar, temas polêmicos não faltam na peça. Questões de sexualidade vêm com Lola (Grasca), “senhora” gordinha que fez operação de mudança de sexo e vende drogas (de heroína a morfina e abortivo); com Dolores, a travesti; com Pedro, o louco; com Lucy (Catherine Openheimer), a apresentadora de TV e Amparo (Vitória Bispo), a prostituta, ambas lésbicas. Rosário (Júlia Barreto) que é uma freira que usa drogas, porta armas e aparece grávida, representa as críticas à religião, mais especificamente à Igreja Católica. Isso só para citar alguns dos personagens.
Além de passear pelos mesmos temas dos filmes, a peça é cheia de referências diretas a situações das obras do espanhol.
Cenas como o travesti fazendo sexo oral em Victoria Abril (“De salto alto”), Raimunda guardando o corpo do ex-marido no freezer (Volver), uma freira grávida (“Tudo sobre minha mãe”), a apresentadora de TV que vive das situações esdrúxulas alheias (“Kika”, “Fale com Ela” e “Volver”) e as travestis engraçadas e apaixonantes (não dá para escolher um filme só) fazem parte do time das dezenas de deliciosas referências à obra do diretor.
A peça é tão almodovariana quanto qualquer filme do próprio. Se, conforme dito por ele, seus filmes são um pouco autobiográficos, pode-se dizer que a presença de Pedro Almodóvar está por todo o espetáculo.
SERVIÇO:
O que: “Como Almodóvar”
Quando: Terças e quartas-feiras de novembro
Onde: Teatro Xisto Bahia (Barris)
Horário: 20h
Preço: R$ 10 (inteira)

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Mais uma vez estamos de volta...novas colegas de elenco, novo espaço e o ânimo de sempre. Gostamos mesmo de fazer esse espetáculo e, por isso, insistimos em compartilhá-lo.
Venham todos... e mais uma vez: "que seja doce".

A Terceira.

Foi a minha décima terceira apresentação.
Era a estréia de Cinara e de Vitória.
Catherine ficou na cochia e nem estreiou ainda.
O Xisto estava lotado (que na temporada também seja assim, meu deus, por favor, por favor, por favor!).
Um camarim só.Pela primeira vez um camarim só para os nove atores (e não é que isso faz a diferença?!).
Eu sempre acho que não vai dar tempo de me arrumar, mas isso é um ritual meu; ritual contraproducente -admito; mas quem vai querer discutir essas indiossincrasias?
Antes da "roda", uns já no palco, outros ainda no camarim se arrumando, eu me dei conta de que estava sentindo um medo da pôrra! Medo de quê meu deus do céu? Porque não era mais aquele medo da estréia de quem ainda não sabe se sabe fazer; era medo de quem gosta de fazer e quer fazer bem feito; medo de quem não pode errar; medo de quem quer fazer o melhor possivel. E aí nessa hora, sentada no sofá lindo do nosso cenário me deu uma vontade irresistível de mudar pra outra profissão, pra não me submeter mais àquele frio que tranca o estômago (mentira!). É um medo contente. Vá entender... mas é sim, um MEDO CONTENTE!
"... e eu sou viciada nele!"

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Como Almodóvar no Festival Nacional de Teatro da Bahia


Nosso espetáculo foi selecionado para a Mostra Universitária dentro do Festival Nacional de Teatro da Bahia (1ª edição). A apresentação será dia 04/11 às 19h no Teatro Xisto Bahia. Essa apresentação será um marco para nosso espetáculo: uma nova Estela (Cynara Paiwa), uma nova Amparo (Vitória Bispo) e a despedida de Lis no papel de Lucy Meia-Cara.
Apareçam!

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Preparando a Reentrada!!!

Estamos nos preparando para mais uma temporada!!! E desta vez enfrentamos um grande desafio: a substituição de 3 atrizes que nos deixarão muitas saudades! Sara já está na França, Thaís foi pro Rio de Janeiro e Lis que está se despedindo na apresentação do dia 04/11 às 19h no Teatro Xisto Bahia, na Mostra Universitário dentro do Festival Nacional de Teatro da Bahia.
(Chris Veigga)

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

RECORDARÁS...


As 3 louquitas que vão deixar saudade!!! Sara Jobard (Estela), Lis Schwabacher (Lucy) e Thaís Alves (Amparo). Foi delícia... e vai ser...para elas e para nós!!!

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

É amanhã? Não é amanhã?

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Volver


Enfim....estamos preparados...nos preparando...preparando para volver....ensaios, reuniões, esquemas estratégicos, tudo o que nos parece necessário e possível fazer para que tudo dê certo novamente...e dará...a gente quer....muita gente quer....pra quem não viu ainda: a hora é essa... pra quem já viu: surpresas espaciais (levem os coleguinhas)...queremos todos lá...felizes como nós............................................"que seja doce".........

domingo, 2 de setembro de 2007

Me travestindo...





O passo a passo do fantástico jogo de luz e sombra que Renatinha Cardoso fez em mim!!! Eitcha que eu tô doida para habitar a pele dessa personagem deliciosa novamente...tá chegando...

domingo, 19 de agosto de 2007

Em Processo de Aprendizado...

Acho que ele está perdendo a paciência comigo... mas sigo tentando!



terça-feira, 14 de agosto de 2007

Pano pra manga.


Eu estou aqui. São mais de meia-noite. Eu estou na casa de uma amiga. É aniversário dela. Eu invadi o computador dela.
Estou cercada de outros amigos que, obviamente, assistiram o espetáculo. Deve ter mais de uma hora que o assunto é só um: o espetáculo "Como Almodóvar" (agora despencou pra peças-de-formatura-da-escola-de-teatro).
Bom.
Um público atento, de certa forma especializado, já que composto de estudantes de arte.
Bom.
Bom ouvir um outro tipo de comentário que vai além de "que legal, que lindo, que tudo". Talvez eu tenha ficado, prazerosamente, mal acostumada. Comentários cheios de conteúdo de quem, inclusive é fã de Almodóvar.
Bom.
Bom ouvir outras opiniões, outras visões, outras críticas.
Bom.
Bom ter Fabão aqui do meu lado que é muito melhor de oratória do que eu (prefiro escrever...). Bom parar pra pensar, pra rever, pra concordar, e talvez pra deixar pra lá (que o "deixar pra lá" não seja encarado como leviandade, é só uma consciência de que o meu papel no espetáculo é ser atriz, e que esse é o meu tesão, e é isso que eu estou estudando pra saber defender).
Bom.

Que venham todos os públicos e todas as visões e todas as profundidades!

Eu sou leviana sim!
Eu gosto de fazer o espetáculo, me dá uma alegria e uma realização como atriz, como artista, imensa. E, por enquanto, pra mim, isso basta!
Ser profunda, às vezes, me dá a maior preguiça...

Texto copiado e colado...




Uma amiga me passou o link dess texto escrito por uma amiga dela que escreve para uma revista virtual de londres, achei interessante e , claro, relacionado com a nossa peça e resolvi colar...

"Quero ser uma mulher de Almodóvar

Elas têm as mãos robustas com veias à mostra, pernas rijas, músculos fartos no antebraço e uma boca que sussurra qualquer coisa de lamento e esperança. Cortam pessoas ao meio com o olhar de dois gumes. Elas dão à luz em ônibus, cozinham sozinhas para mais de 30 pessoas e enterram maridos mortos que, antes, as enterraram vivas. As que foram estupradas carregam pela vida o fruto da violência e são capazes de amá-lo como se ele tivesse sua origem numa cama sem mácula. As mulheres de Almodóvar, de tão fortes, apartam briga de leões, e de tão intensas, fazem poesia com o cotidiano. Estão sempre em carne viva.

Conheci as personagens do diretor espanhol Pedro Almodóvar aqui em Londres, durante uma sessão especial de cinema com três de seus filmes - "Carne Trêmula", "Volver" e "Má Educação". Passei oito horas sorvendo a riqueza psicológica das figuras femininas geradas por ele. Quando cria, Almodóvar não é óbvio, tal como as mulheres, na vida real, não são.

Acabo de assistir à "Fale com ela" e agora tenho certeza de que a admiração que passei a nutrir pelo diretor desde aqueles três primeiros filmes tem mais a ver com um desejo: quero ser uma mulher de Almodóvar.

Se fosse uma mulher de Almodóvar acordaria cedo para dar de comer às crianças; elas comeriam com fúria, se fartariam, virariam adultas, me esqueceriam e eu, sem declinar da tarefa, continuaria dando-lhes de comer da minha própria carne.

Se eu fosse uma mulher de Almodóvar visitaria no cárcere cada um dos meus algozes, dos benignos aos malignos. Se me pedissem dinheiro ou cigarro eu não lhes daria, mas se me pedissem perdão e afeto, eu lhes entregaria minha cabeça e coração num prato.

Após um dia todo de trabalho, os pés cansados e a mente aos suspiros, eu dançaria uma hora de sevilhanas para deleitar a platéia de um único sincero pagante... caso eu fosse uma mulher de Almodóvar.

Estar em carne viva é fácil. Bastam um corte e um furacão de dentro para fora para que os tecidos do corpo se desdobrem, se expandam e fiquem expostos sem pele. Difícil mesmo é extrair poesia de cada fibra solta, como fazem aquelas tais figuras femininas.

Mesmo distante de conhecer a fundo o diretor espanhol e suas mulheres, uma coisa posso dizer sem equívoco: se fosse uma mulher de Almodóvar eu falaria espanhol, me apaixonaria por alguém que caminhasse pela rua e lhe daria na hora as virtudes que eu tivesse, poesia e um café para celebrar; receberia um sinal recíproco a princípio e, dois minutos depois, um sinal de engano - porque Almodóvar não fantasia. Então ficariam as virtudes, a poesia e o café assim esparsos pelo chão, sem copo ou corpo que os contivessem. Depois disso, por ser uma mulher de Almodóvar, eu então chegaria em casa, acenderia um cigarro e escreveria uma crônica que terminaria assim:

No suelo perder nada de lo que me regalan con veracidad, aunque me lo regalen con fecha ya cierta para quitármelo de la mano. Lo que me regalan yo lo cojo, lo guardo y lo quiero todo lo que puedo antes de que se me vaya. Aunque suene ilógico ese querer, el se explica: más que la pena por el regalo que no tengo me habla más fuerte el hecho de saber que, cuando lo tuve, fue bueno y verdadero... por lo menos para mí. Soy la que sigue soñando con los imposibles.

...

Não costumo perder nada daquilo que me dão com veracidade, ainda que o que receba tenha data certa para ser-me tirado das mãos. O que me dão eu acolho, guardo e amo o máximo que posso antes que se me escape. Ainda que soe ilógico esse querer, ele se explica: mais do que a pena por aquilo que não tenho, me fala mais alto o fato de que, quando tive algo, foi bom e verdadeiro... ao menos para mim. Sou a que continua sonhando com os impossíveis. "

Sabrina Duran
29/06/2007
http://www.jungledrums.org/colunistas_03.htm

Agora me digam vcs o que fariam se fossem uma mulher de Almodóvar??

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

El Deseo


Desejo. Grande tema do nosso espetáculo. O motivo que me deixou de pé até o final dele ontem. Fiquei doente no segundo dia. Acredito que fiz o espetáculo com febre. Nem levei o termômetro pra não correr o risco de alguém desistir. Tentei reclamar bem pouco, mas acho que minha cara dizia muito do meu estado. Mas, eu queria fazer e estava ali pra isso. Apaixonada por Como Almodóvar eu não podia não estar lá. Não podia tirar um dia dos poucos que temos. Justamente eu, que sou a primeira a me despedir da longa temporada que estar por vir (Olha como sou otimista.) Pelo desejo de estar ali e pela satisfação de dividir aquele trabalho como aqueles colegas, eu fui pro palco. Falando mal, respirando mal, morrendo de frio. Agasalhada na cochia, entre uma cena e outra, tive um lapso de memória. Um lapso de uns 20 segundos. Eu esqueci onde eu tava, o que eu estava fazendo. Quando ouvi os risos da platéia, me lembrei. Fiquei feliz por não ter perdido nenhuma entrada. Acho que fui além do meu limite ontem e ainda assim, consegui chegar ao final. El deseo. Voltei pra casa chorando de dor, de cansaço... Peço desculpas aos colegas pelas falhas, pela energia minguada... e obrigada, pelo carinho e cuidado comigo. De qualquer forma, valeu a pena! Hoje recebi telefonemas de amigos que foram ontem e adoraram. Já me droguei horrores hoje... antibióticos e injeções. Pronta pra mais!

Quase um informe

A maldição do segundo dia, tão conhecida no meio teatral, não nos atingiu. Pelo menos eu acredito que não....tá delícia.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Antes do fim


Depois de todo nervosismo, da vontade interminável de ir ao banheiro, das inspirações longas antes de entrar em cena, da força confiante do diretor, do cuidado da equipe, das frases ditas com gosto e das gargalhadas da platéia lotada, relaxamos.
Mal podíamos nos conter: Rosário dava seu último texto fora do palco e já vibrava, Lucy ainda terminava sua cena, Clara esquecida no meio do cenário até o fade total da luz não conseguia disfarçar o sorriso... Claro! Ela podia ver pelo canto olho todo o resto do elenco se espremendo na cochia com os punhos levantados, socando o ar, os dentes todos à mostra.
Então veio os aplausos e pudemos gritar, vibrar, assumir toda aquela euforia que nos dominava. Euforia que sentimos o cheiro quando decidimos trabalhar com Almodóvar, que ouvimos a voz quando a equipe envolvida assistia aos ensaios, que pudemos ver o vulto quando na roda antes, do início do espetáculo, Gláucio parabenizava a gente pelo trabalho digno com o qual concluíamos nossa graduação e que ali naquele momento nos arrebatou por completo.
Como um time depois da final, campeõs, vencedores, realizados!!!!!
"Um presente para o elenco", escreveu um colega na Comunidade do orkut; mais que presenteada, me sinto satisfeita, feliz, completa. E partilhar isso com meus queridos colegas de cena, ali no silêncio daquela cochia apertada foi uma sensação única.
Até domingo (que este demore muito a chegar...) estaremos lá, como um time, de mãos dadas, oferecendo a quem aparecer o melhor de nós, de nosso trabalho, do que aprendemos na faculdade e fora dela, e do que resultou desse feliz encontro.
Parabéns à todos, parabéns pra gente!!!!!

Até que enfim...




Finalmente....depois da ansiedade e de tanta expectativa fomos recompensados...uma platéia cheia de gente querida e muita calorosa e atores absolutamente apaixonados pelo que estavam fazendo no palco, receita gostosa, que deu muito certo.
Estamos muito felizes e prontos pra mais.
Aos que foram e compartilharam da estréia... obrigado e divulguem. Aos que ainda não foram... a hora é essa e divulguem também.

sábado, 4 de agosto de 2007

Carne Trêmula ou o dia da transformação...

Depois de marcar, desmarcar, adiar, finalmente tinha chegado o dia tão esperado: o dia de irmos ao cabelereiro! Eu já tremia de nervoso há alguns dias, afinal a minha mudança seria a mais drástica, porém a ansiedade era coletiva, tanto para nós 5 como para os outros 4 que nada fariam nas madeixas.
Acordei cedo fui para o meu pilates e já deixei avisado que na próxima aula estaria com novo visual (para que ninguém se assutasse, vai que dá tudo errado e eu fico ridícula!?!?) após a aula segui para o salão.
- Lis é a primeira, porque não vai pintar - grita uma de lá.
Ai que frio na barriga. Olhei o corte na revista e fiquei com mais medo:
- Não lembrava que era tão curto! - eu falei, e o renomadíssimo cabelereiro mandou q eu me acalmasse que ficaria um pouquinho maior.
Sentei na cadeira (na verdade apesar do medo, eu estava doida para conhecer o meu novo visual, há algum tempo que queria uma desculpa para ter cabelos curtos).
Dorian foi cortando, cortando, cortando e todas de lá gritando: aiiiii, tá ficando lindo, uhhh vai arrasar...
E o sorriso no meu rosto crescia...
Muitas navalhadas depois, lá estava eu: pronta para encarar Lucy Meiacara.
Vieram as outras; os cortes, as pinturas, o descolorir, e eu a fotografar tudo; claro, tínhamos que fazer o making off, era um momento único nas nossas vidas!
Os cabelos iam mudando de cor e as aparências se transformando, enquanto isso, uma falava de lá: tou parecendo um leão, a outra reclamava, ahhh vou comprar um tonalizante, meu cabelo tá rosaaaa, ihh tem gente lá em casa que não vai gostar dos meus cabelos lisos....
A verdade é que no final das contas, ficou tudo ótimo! As personagens tomaram forma definitivamente, alguns olhinhos brilhavam e outros se conformavam.
E eu? Difícil vai ser querer ter cabelos longos novamente...

Lis Schwabacher

Labirinto das Paixões


É exatamente como quando eu tinha quinze anos.
Eu abro o olho de manhã, quase mal humorada porque merecia dormir mais, e a primeira coisa que vem a minha cabeça é ela. Eu tomo banho, eu tomo café, eu pego ônibus, eu vou ao médico, eu compro leite, eu assisto um filme, eu tomo cachaça com mel, eu deito no colo das pessoas, eu ando pela Praça da Piedade, eu falo no telefone com a minha mãe. O meu dia segue aparentemente normal, mas é mentira. Meus dias não são mais normais. Eu não sou mais a mesma. Eu estou completamente apaixonada. Por ela. A peça. E ansiosamente, exatamente como quando eu tinha quinze anos, eu aguardo o primeiro encontro.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

E cadê essa terça dia 07 que não chega?


Ensaios, ensaios com figurino, troca de roupa, corre, volta, ensaios, com figurino, corre, troca de roupa, volta, esquece, perde tempo, pede tempo, volta, corre, sua, sua muito( eu pelo menos), sua mais um pouco e percebe que já precisa lavar, a bainha tá curta, o bigode tá ridículo e tem mais ensaio no domingo (eu nunca gosto) depois do sábado, claro, pode tirar o bigode [(eu agradeço) acho que todo mundo] os programas ficaram prontos, os programas devem estar lindos, o cenário não cabe na sala, cabe no teatro certamente...................e ainda é sexta.

terça-feira, 31 de julho de 2007

O que eu fiz pra merecer isto?


A primeira vez que tive contato com Almodovar eu não tinha noção de quem era "Almodovar". Vi Ata-me aos 14 anos e aquele filme me arrebatou de alguma forma, despertou minha atenção e me fez curioso a respeito da obra desse cara. A partir de então, vi todos os filmes aos quais tive acesso e cada vez mais me sentia atraído por aquele universo, aquelas personagens e principalmente por aquela forma de contar histórias.
Quando soube que minha formatura seria "Como Almodovar" experimentei uma espécie de felicidade que provavelmente reflete a sensação de não estar sendo leviano, de estar coerentemente me formando com a possibilidade de discurso que me interessa como artista(esteticamente, politicamente, comercialmente...) enfim, um prazer generalizado.
Outros novos prazeres foram se agregando:
a presença de Barral como dramaturga me encheu de orgulho e alegria (seria mais uma oportunidade de trabalhar com uma artista que admiro profundamente, uma amiga que certamente é um dos amores de minha vida..)perceber que seria absolutamente possível me comunicar com Gláucio, o diretor, até então distante, uma novidade, um risco. Ele ganhou minha confiança e respeito e me ajudou a compreender que aquilo que até então era um amontoado de ideias bacanas seria um bom produto (no melhor sentido da palavra).
ter como colegas de elenco pessoas talentosas que de alguma forma já faziam parte do meu histórico na escola, que encontrei ou reencontrei e que me permitiram processar cada momento sem dor, ou pelo menos sem a dor que paraliza.
Ajudar a construir essa história e contá-la agora tem sido um prazer que eu gostaria muito que o público experimentasse ao ver "Como Almodovar".
Uma amiga me disse "esse é o presente que a Escola tá te dando". Espero aproveitá-lo ainda mais compartilhando-o com todas as pessoas.

segunda-feira, 30 de julho de 2007

À Beira de um Ataque de Nervos.

Pescoço, rosto, barriga, braços, cobertos de placas avermelhadas que coçam, coçam muito. Levei o figurino pra casa e lavei todinho, com as minhas próprias mãos; podia ser poeira, né!
- É emocional.
O médico já falou.
Eu sei, é emocional. Quando-eu-estou-numa-situação-de-tensã0-eu-me-empolo-toda. Eu sei... Mas, aqui?! Se eu nunca tive esse negócio de ficar empolada antes de peça nenhuma!
Comentei o fato com uns amigos, assim, de brincadeira, só pra ter assunto. Comecou-se toda uma análise artístico-emocional da minha pessoa. Amigos às vezes atrapalham...

Então a conclusão é que eu não sei.
Não sei que parte da minha cabeça está criando as placas avermelhadas que coçam, coçam muito, sobre o meu corpo. O que eu sei é que está tudo lá: texto lindamente decorado, cenário lindamente colorido, figurinos lindamente apropriados. Falta a luz, falta o palco, falta o público. Falta a atriz neurastênica parar de sofrer e gozar um pouco. Hoje eu tentei um pouco: fiquei sentada relaxadamente vendo a cenas dos outros ao invés de ficar lendo o texto e tentando -ainda!- obscessivamente, encontrar A Atmosfera, O Tom Ideal, O Bom Trabalho. (Não estou dizendo que não precisa se concentrar não, hein! Mas é que o buraco é mais embaixo do que eu pensava, e depois de sete anos de faculdade -sete porque é cabalístico...- eu tenho tido mais dúvida em relação ao meu ofício do que quando comecei.
Enfim...
Empolei menos!
Quem sabe no dia da estréia, se eu ficar no camarim dançando funk, eu não empole nada?

domingo, 29 de julho de 2007

Entrando no Universo de Almodóvar

Depois da leitura de vários textos e das eternas discussões onde o elenco sempre se dividia em "eu gostaria" e "não quero fazer isso de jeito nenhum", alguém sugeriu fazermos algo relacionado a cinema. Foi quando surgiu o nome Almodóvar! Um alvoroço na turma. De repente, todo mundo se entendia, ria, gritava e balançava as pernas. Tinha que ser! Finalmente, unanimidade.
Aos poucos fomos penetrando nas cores de Almodóvar, nos contrastes, nas estampas, no brega, no "kitsh", no exagerado, no louco, nas fodas, no cotidiano, no incomum e no excessivamente comum. E o elenco entrou num clima de "yo quiero ser una chica Almodóvar". O vermelho virou figurino permanente e as unhas das mulheres começaram a mudar de cor. Correndo atras de todos os filmes e se encantando cada vez mais por eles, íamos descobrindo formas, frases, sentimentos, insanidades almodovarianas. E fomos vivendo tudo isso e criando. Meio perdidos, as vezes, sem saber nosso rumo, mas bem orientados ao mesmo tempo.
E finalmente veio o texto... as pérolas de Claudia Barral! Inacreditável o que ela conseguiu colocar nas bocas dos nossos personagens. Foi dificil! Dificil se acostumar com as frases e não rir em cena. Depois veio as mudanças do tempo... Idéias do diretor. Ninguém nunca sabia que horas entrar. "Que cena é agora mesmo?" Como mudar tão rápido de uma cena pra outra? Socorram-me! E depois ainda vieram os conflitos dos sentimentos melodramáticos... "Isso não é over?"
Ensaios ensaios ensaios... Toda a semana, fim de semana, domingo, feriado! O feriado do meu aniversário!!! Ninguém merece! E continuamos... ensaios ensaios ensaios! Foi chegando o cenário, o figurino... Acho que essa equipe nunca gostou tanto de onça, de vermelho, de verde abacate, de veludo, de zebra, de pelúcia! haIUAHAIUHAiuhaiuHAuhaIUHA... Apredendendo a ser "kitsch".

Estamos nos preparando para mostrar algo bacana. Espero que satisfaça aos amantes de Almodóvar, como nós, e aos não amantes também.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Início do Processo

Após escolher o universo cinematográfico de Pedro Almodóvar como inspiração para o espetáculo, cujo texto viria a ser escrito pela dramaturga e atriz Cláudia Barral, Gláucio delimitou a estética a ser trabalhada: o melodrama, não com a estrutura antiga tradicional e suas vicissitudes, mas o melodrama moderno com os contornos trabalhados pelo cineasta em suas obras. O que fazer a partir daí? Assistir aos filmes. Houve, então, uma corrida em busca dos primeiros filmes de Almodóvar, já que os recentes foram facilmente encontrados. A medida que assistíamos aos filmes e discutíamos, trocando pontos de vista e leituras das imagens e histórias das películas, ficávamos encantados com a amplitude e universalidade da obra desse espanhol inquieto, criativo e irremediavelmente almodoviano.
Chris Veigga - assistente de direção

Fotos: Christiane Veigga

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Preparação Corporal

Que o corpo é o instrumento do ator e que este tem que aprender a afinar e tocar aquele, é o conceito mais conhecido no universo das Artes Cênicas. Entretanto, nunca é muito lembrar que a consciência é algo que se adquire com o tempo, a perícia, a "técnica" só se alcança com o exercício contínuo. Conhecer a si mesmo é um dos grandes objetivos e um dos presentes ofertados pelos indianos ao mundo através da Yoga. Seu caminho ritualístico realizado no espaço da "atuação", faz-nos relembrar, a título de reconhecimento ancestral, da alma primeva do fazer teatral.

Gláucio, diretor do espetáculo, orientou o estágio docente de Laura Campos para que pudesse preparar os atores, não apenas seus corpos físicos, mas corpos mais sutis, que muitos, devido ao ritmo do nosso tempo, sequer sabiam da existência. O que realmente tem impressionado é como a yoga, na "sua paciência, sutileza e determinação" alterou cada corpo, provocou cada persona, liberou amarras e mostrou-se tão eficiente quanto muitas técnicas corporais de preparação do ator que conheço, e conheço muitas.

Acompanhar aquela repetição ritualística, mandálica, aquele mantra corporal instigou-me a experimentar também, deixar a percepção visual e vivenciar a experiência cinestésica de si mesma. Sentir você sentindo, e ainda assim perceber o que não se percebe. Encontrei-me. Encontrei a yoga, que há muito já namorava, sem oportunidade.

É verdade que cada um trilha um caminho único e solitariamente. Cada ator, então, vivenciou a prática da yoga de modo muito particular. Alguns nem sequer perceberam as transformações silenciosas sofridas pelo próprio corpo, outros preferiram perceber cada degrau, sem se preocupar com o tempo, antes de seguir em direção ao topo.
Chris Veigga - assistente de direção

sábado, 16 de junho de 2007

Preparação Vocal

Além da preparação vocal normalmente vivida por vários elencos na construção de um espetáculo, os atores de "Como Almodóvar" realizam um trabalho de pesquisa sobre a musicalidade do universo cinematográfico de Pedro Almodóvar, sobre o universo psico-socio-cultural que envolve cada personagem, aliadas às técnicas de consciência e criatividade vocal aplicadas por Mara e Gláucio. O objetivo é atingir uma dimensão arquetípica das emoções.
Chris Veigga - assistente de direção